Um dos maiores desafios para os pais de crianças portadoras de autismo é encontrar uma escola inclusiva. Existem inúmeros relatos em livros, artigos, sites e blogs na internet que consistem em verdadeiras peregrinações. Na verdade, a inclusão é um processo que, para ser bem sucedido, muitas vezes demanda anos de insistência e persistência por parte dos pais e de muito tempo gasto pela escola para vencer a resistência, o desconhecimento, o desinteresse e, enfim, caminhar em busca de uma capacitação adequada que possa redundar em um trabalho bem-sucedido para as crianças com autismo. Infelizmente, muito tempo é gasto nessa luta e quem sai perdendo são as próprias crianças, que acabam sendo prejudicadas com o atraso no desenvolvimento.
Existem documentos que orientam as escolas a promover a inclusão. Neste primeiro momento iremos destacar três deles: a Declaração de Salamanca, a cartilha Saberes e Práticas da Inclusão (MEC-Brasil) e livro Unidades de Ensino Estruturado para Alunos com Perturbações do Espectro do Autismo - Normas Orientadoras, do Ministério da Educação de Portugal.
Declaração de Salamanca
Em 1994, delegados de 92 governos e 25 organizações internacionais, reunidos em Salamanca na Espanha, registraram por escrito um compromisso com a Educação para Todos, reconhecendo a necessidade e a urgência de ser o ensino ministrado, no sistema comum de educação, a todas as crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais especiais. Este documento, mundialmente conhecido como a Declaração de Salamanca, instituiu que:
• toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem;
• toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas;
• sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta diversidade de tais características e necessidades;
• aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer a tais necessidades;
• escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias criando-se comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos; além disso, tais escolas provêem uma educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a eficiência e, em última instância, o custo da eficácia de todo o sistema educacional.
Uma das implicações educacionais orientadas a partir da Declaração de Salamanca refere-se à inclusão na educação. Segundo o documento, o princípio fundamental da escola inclusiva é o de que todas as crianças deveriam aprender juntas, independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenças que possam ter. As escolas inclusivas devem reconhecer e responder às diversas necessidades de seus alunos, acomodando tanto estilos como ritmos diferentes de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a todos através de currículo apropriado, modificações organizacionais, estratégias de ensino, uso de recursos, parceiras com a comunidade e apoio extra que lhes assegure uma educação efetiva. Para ler todo o documento acesse: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf
Saberes e Práticas da Inclusão
A Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação disponibiliza para a população um conjunto de cartilhas intitulado "Saberes e Práticas da Inclusão". Essas cartilhas abordam especificamente a educação especial inclusiva para vários tipos de comprometimento e existe uma especificamente relacionada ao Autismo, que foi elaborada por Ana Maria Serra Jordia Ros de Mello, da AMA-SP, em 2004. Esta cartilha traz informações preciosas para a escola sobre como organizar o ambiente de aprendizado para construção do conhecimento de crianças portadoras de autismo. E está disponível para acesso no link: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/educacao%20infantil%203.pdf.
Unidades de ensino estruturado para alunos com perturbações do espectro do autismo
Elaborado pelo próprio Ministério da Educação de Portugal, em 2008, o livro tem por objetivo orientar a educação de alunos com autismo. O material é extremamente didático e detalhado e contém informações sobre as perturbações do espectro do autismo, sobre como proceder para proporcionar um ensino estruturado e culmina com normas orientadoras para montar unidades de ensino estruturado. Está disponível para download em http://www.appda-algarve.pt/docs/Unidades_Autismo_MINISTERIOEDUCAAO2007.pdf
Bom aprendizado e boas leituras!
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