As habilidades pré-linguísticas estão prejudicadas na criança autista: não apresentam a imitação social tão importante para o desenvolvimento da linguagem, que se manifesta na reprodução de gestos como dar “tchau”, jogar beijinhos, não imitar os pais nos afazeres domésticos; não usam os brinquedos em atividades de faz-de-conta com conteúdo simbólico; utilizam o brinquedo em atividades repetitivas sem ligação com o objeto; não apresentam mímicas e gestos para se comunicar.
Cerca da metade dos autistas nunca falam, e emitem poucos sons ou resmungos. Quando a linguagem se desenvolve, não tem tanto valor de comunicação e geralmente se caracteriza por uma ecolalia imediata e/ou retardada, repetição de frases estereotipadas, inversão pronominal (utilização do pronome “ele” quando a significação é “eu”) ou, ainda, uma afasia nominal. Notam-se da mesma forma anomalias na melodia, que tem um aspecto cantado.
Algumas dessas crianças conseguem reter perfeitamente as palavras de uma canção sem outra linguagem além dessa, sendo freqüente o cantarolar. Aparecem também estereótipos verbais, neologismos bizarros e um verbalismo solitário. Em outros casos mais raros, a linguagem parece estar super investida: a criança dá mostras de um extremo domínio verbal, aprende páginas do dicionário, até línguas estrangeiras, mas tais casos são raros e mais característicos da Síndrome de Asperger.
Em todos os casos, o elemento significativo continua sendo que a linguagem não tem uma verdadeira função de comunicação com o outro ou, pelo menos, que o prazer não reside nesta comunicação. Um aspecto é característico: quando querem atingir um objeto, os autistas pegam a mão ou o punho de um adulto. Mas, raramente, eles o apontam e acompanham seu pedido de um gesto simbólico ou de uma mímica.
Extraído de: Camargos Jr., Walter et al. Transtornos invasivos do desenvolvimento: 3o Milênio. Brasília: CORDE, 2005. Páginas 13 e 14.
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